Ao longo dos anos a gestão hospitalar, enquanto especialidade, ganhou seu devido lugar na ciência e na teoria administrativa, tornando-se uma excelente ferramenta para gerir hospitais de forma eficiente, responsiva e sustentável. Mais importante do que saber como essa área evoluiu e como ela é fundamental para gerir adequadamente um hospital é saber a rotina de um gestor hospitalar na atualidade.
Preparamos um texto sobre a evolução, a sua importância e sobre as principais atividades na rotina de um gestor hospitalar. Confira!
Breve história da gestão hospitalar no Brasil
A gestão hospitalar enquanto área de atuação é recente no Brasil, pelo menos em termos conceituais, segundo o que consta na obra “História e Evolução dos Hospitais”, elaborada pelo Ministério da Saúde em 1944, mas reeditada em 1965.
Já enquanto prática, a gestão hospitalar é antiga e tem início, pelo menos aqui no Brasil, com as famosas Santas Casas de Misericórdia. Irmandade que tinha como missão o tratamento e sustento de enfermos inválidos.
Segundo Auxiliadora, especialista em administração hospitalar pela Universidade de Salvador, os hospitais no Brasil — incluindo as Santas Casas de Misericórdia —, como em qualquer outro país, foram geridos por religiosos, médicos, enfermeiros ou pessoas da comunidade, devido, segundo a pesquisadora, ao fato de não serem vistos como uma empresa, mas sim como uma instituição de caridade.
Ainda segundo ela, na administração hospitalar da época, nem sempre o gestor conhecia a prática hospitalar, nem as técnicas de gestão, uma vez que as escolhas dos métodos de gerenciamento se faziam de forma aleatória, ao sabor da sorte.
Na verdade, naquele tempo não existia a figura do gestor, mas apenas a função de manter a estrutura física do hospital e cuidar dos escassos recursos existentes, de modo que fosse possível oferecer assistência e cuidados médicos aos necessitados.
Como podemos entender a gestão hospitalar hoje?
Feita essa digressão histórica sobre a gestão hospitalar no Brasil, agora podemos introduzir o que pensam os pesquisadores modernos sobre a gestão hospitalar na contemporaneidade.
De um modo geral, na contemporaneidade podemos entender por gestão hospitalar a especialização que se dedica a gerenciar de maneira eficiente as atividades administrativas e assistenciais de um hospital, utilizando técnicas modernas de gestão e administração.
Com o progresso da ciência, do pensamento gerencial e das técnicas administrativas, a gestão hospitalar evoluiu e hoje, ao contrário da época das Santas Casas de Misericórdia, os hospitais são vistos não meramente como casas de “assistências”, mas como empresas modernas, que necessitam de pessoas capacitadas e especializadas, que possam coordenar as atividades administrativas e assistenciais dos hospitais com eficiência, qualidade e responsabilidade, aplicando o que a teoria e a técnica administrativa têm de mais modernas, sendo muitos hospitais referenciados.
A importância da gestão hospitalar para o adequado funcionamento do hospital
O fato de os hospitais não serem mais vistos apenas como casas de assistências pelo pensamento moderno provocou uma verdadeira revolução em suas funções. Eles passaram a serem visualizados como instituições destinadas ao cuidado e tratamento de enfermidades, com infraestrutura suficiente para oferecer atenção médica à sociedade, buscando soluções não só na área de saúde, mas também na área administrativa e orçamentária.
Para atender às demandas do processo assistencial e gerencial de um hospital, faz-se necessário implantar um modelo de gestão hospitalar que seja capaz de otimizar o processo gerencial da instituição, que hoje é vista como uma empresa que precisa ser administrada por pessoas capacitadas, que façam as instalações atingir o seu máximo.
De acordo com Marcius Holanda, pós-doutor em Sistemas de Gestão e professor colaborador da Universidade Federal do Rio de Janeiro, as mudanças que ocorreram no ambiente empresarial, incluindo as empresas hospitalares, fizeram surgir a necessidade de um gerenciamento inovador, sistematizado, que investe na gestão de custos e recursos, oferecendo instrumentos para a tomada de decisões, pois não basta receber, afirma ele, o título de “empresa moderna” se não aplica em sua gestão um planejamento estratégico que seja capaz de fazer não só o hospital competir no mercado, mas se tornar referência.
A gestão hospitalar vai bem mais além do que gerir os recursos do hospital, ela busca ajustá-lo às demandas contemporâneas, ao espírito da época. De acordo com Jarbas Galvão, professor titular do Departamento de Saúde da Universidade Regional de Blumenau, o hospital deve ser ajustado a todo momento, adaptando-se aos modelos vigentes, buscando com isso criar um clima familiar e de harmonia com a época.
Já segundo uma pesquisa que foi realizada por Goldsmith, de título “A radical Prescription for Hospitals”, e publicada na Harvard Business Review, na gestão hospitalar é importante buscar um relacionamento harmonioso entre todos os setores e das equipes multidisciplinares, sobretudo entre a administração do hospital e o quadro de clínicos, com vistas a desenvolver um trabalho colaborativo e de controle dos recursos existentes.
Assim, o sucesso do hospital, incluindo o seu adequado funcionamento, de acordo com os modelos vigentes, depende necessariamente de uma boa gestão hospitalar, que conte com pessoas que entendam de tecnologia, recursos materiais e humanos e dos processos necessários para fazer ele se sobressair.
Sem mencionar também, como apontou a pesquisa realizada por Donabedian, de título “An Introduction to Quality Assurance in Health Care”, e publicada pela Universidade de Oxford, que para gerir um hospital é preciso contar com pessoas que sejam empáticas ao seu próximo e que, dessa maneira, deem o seu melhor para garantir a qualidade no atendimento ao outro.
Quais são as principais rotinas do gestor hospitalar?
A evolução dos hospitais trouxe avanço para a área gerencial, sistematizando as principais atribuições de um gestor hospitalar em sua rotina.Diferentemente das práticas gerenciais que eram desenvolvidas nas Santas Casas de Misericórdia, hoje, para exercer a função de gestor hospitalar é importante ser multidisciplinar, ou seja, possuir diversas competências e habilidades, uma vez que a rotina de quem é administrador hospitalar engloba, dentre outras, as seguintes atividades:
- Coordenar as atividades administrativas, orçamentária e assistencial para se atingir os objetivos do hospital;
- Promover programas de capacitação profissional, de acordo com as atualizações de cada área específica;
- Promover programas que busquem motivar os colaboradores, visando entusiasmá-los para a atividade profissional;
- Oferecer todo o aparato necessário para a prestação do serviço médico;
- Promover projetos que visem criar um clima de satisfação no âmbito do hospital, buscando evitar, dessa maneira, conflitos internos que possam prejudicar o andamento das atividades;
- Gerir os recursos financeiros e materiais de forma responsiva e sustentável, visando manter a saúde financeira do hospital;
- Diluir dúvidas diárias sobre questões éticas e legais a respeito da prática hospitalar, que se deriva, de um modo geral, do direito à saúde.
- Identificar e resolver problemas;
- Manter diálogo com todos os setores, buscando integrá-los;
- Diluir dúvidas acerca da legislação específica na área de saúde.
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